Falar de Ferenczi, bem como pensar construções a partir de seu pensamento, em primeiro lugar, exige o mínimo de sensibilidade. Não estou falando daquela sensibilidade romântica, idealizada, mas me refiro a um afeto que bordeja a empatia e o bom senso. Em segundo lugar, a perspectiva de Ferenczi está ligada à originalidade que, de maneira alguma, ignora a tradição. E, em terceiro (e último) lugar, debruçar-se sobre a obra ferencziana demanda certo grau de ousadia que, por sua vez, destoa completamente da arrogância. Todas essas características são abarcadas por Marcos de Moura Oliveira neste livro, que se propõe a nos apresentar uma clínica inspirada em Ferenczi de maneira honesta, rigorosa e bastante original. Tais atributos são essenciais para uma psicanálise viva e pulsante, e vale lembrar que: em tempos de tanta repetição, o leitor tem em suas mãos um deleite ao nosso ofício (im)possível! Alexandre Patrício de Almeida Psicanalista, mestre, doutor em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e finalista do prêmio Jabuti (2023).